Monday, September 04, 2006


O Véu da Ignorância

Desperto. Não sei de onde. Apenas uma luz.

Estou livre de ser quem eu sou. Das preocupações e do saber sou tábua rasa. Tenho o mundo livre e novo à minha frente. O que me rodeia é exclusivamente novo e virgem. Acabo de chegar à existência abro os olhos e observo. Um quarto, umas estantes, prateleiras, roupas que nunca vi. Um corpo.

A sensação de nascimento é agora ludibriada por memórias que se apoderam de mim. Como se o surgimento de consciência não fosse recém-nascido. Como se houvesse uma continuidade com uma existência anterior. Essa antiga existência que me é alheia entra em mim e apodera-se de todas as minhas vontades. Faz de mim mercenário deste corpo e de um ser que nunca fui eu.

Começo então a ouvir sinais do corpo. Vozes que me mandam saber onde estou. Que me mandam lembrar o que nunca fui. Uma tomada de consciência forçada e violenta.

Em poucos momentos perdi a minha identidade. Sou prisioneiro deste corpo e das suas memórias. Estou pronto para viver anestesiado. Estou absorvido. A sua vontade leva-me para onde quer, e arrasta-me nas suas acções pelo dia fora.

No fim do dia caio em cima do colchão. Com a tola certeza que amanhã serei o beneficiário das minhas acções de hoje. Com a improvável perspectiva de amanhã acordar em mim de novo.

1 Comments:

Blogger dizia ela baixinho said...

may ALL your dreams come true!

beijo MUITO grande :)

6:15 PM  

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