Wednesday, November 16, 2005

Tômbola

Existe algo de inspirador nos quilómetros de alcatrão que tenho pela frente. Ainda faltam uns 500. Há pouco saí de Lisboa, tenho cinco horas para vencer. Com ajuda das 60 faixas musicais dos Green Day que tenho no disco rígido, lá me vou distraindo para que isto se torne suportável. Mesmo assim é das batalhas mais inglórias. E ao mesmo tempo das mais certas. Quem sabe ser paciente sempre acabará por alcançar. Mas não deixa de ser perturbadora a distância que tomamos em relação ao momento vivido.

Passamos maior parte das nossas vidas fora do instante presente.
Fora do momento, fora das emoções,
a ansiar por algo que ainda não temos.
A pensar na falta que fazem os momentos felizes já escoados.
Focados no presente, mas no dos outros.

Depois volto a focar-me em mim. Mas não vai passar de um cliché como quando cruzamos o olhar de alguém cujo carro acaba de passar ao nosso lado.
Perdemo-lo de vista, no trânsito.
Ei-lo de novo. Sim, afinal é de mim que isto tudo se trata. Eu estava mesmo a pensar em..

É impossível. A vida é multidimensional. Somos parte integrante dos vários planos, abordagens e concepções.
Percorremos um circuito bifurcado e reatado através de trilhos perdidos, armadilhados por atalhos chamados acaso.
Uma arbitrariedade atordoadora transporta-nos de modo caótico e caprichoso para onde entender.

Joguemos portanto a tômbola.

3 Comments:

Anonymous Anonymous said...

Filipe,
uma conversa contigo parece cada vez mais um episódio do Sexo na Cidade..

7:45 AM  
Blogger Air Navigator said...

Tomei a liberdade de comentar... lol Já dizia a música "La vida es una tombola"...

3:35 PM  
Anonymous Anonymous said...

Que parolice pseudo-romântica. Piroso!

6:47 AM  

Post a Comment

<< Home